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Mídia eletrônica encara novo modelo
17/04/2010
Desafio atual é aliar a competência tecnológica com o conteúdo de qualidade.
Qual é o futuro da mídia eletrônica nestes tempos de banda larga, internet, mobilidade e interatividade? Ao final do NAB Show 2010 - a feira da Associação Norte-Americana de Radiodifusão, realizada na semana passada em Las Vegas -, a conclusão básica pode parecer óbvia, mas comprova os cinco aspectos seguintes:
1) Não basta entender e dominar a tecnologia cada dia mais avançada e extraordinária posta à disposição da mídia eletrônica mundial, mas é preciso ir muito além e prever em tempo as tendências da convergência digital, que oferece todos os dias novas opções de serviços e aplicações.
2) É muito arriscado apostar todas as fichas no milagre das imagens tridimensionais da TV e do cinema digital.
3) Não se pode ignorar ou negligenciar o potencial incomum da mobilidade e da interatividade.
4) É preciso por fim às disputas tão comuns entre os setores de radiodifusão e de telecomunicações - que são complementares e não antagônicos. Em diversos países já se consolidam parcerias e maior colaboração entre ambos. Mas ainda não no Brasil.
5) O sucesso da nova mídia digital depende muito mais da qualidade e da adequação do conteúdo de todas as mídias atuais - do rádio, da TV, do jornalismo, do cinema e da internet de banda larga, numa era marcada pela mobilidade e por novos dispositivos portáteis, como smartphones, iPods e iPads.
Conteúdo de qualidade é, portanto, o divisor de águas que vai decidir quem ganha e quem perde no novo cenário. Ele - e só ele - poderá criar, ampliar e consolidar audiências. E, mais do que tudo, garantir o sucesso do modelo de negócios da mídia eletrônica no século 21.
Essas são algumas conclusões básicas de muitos especialistas que participaram dos debates e painéis do NAB Show 2010, que contou com a presença de 82.650 profissionais de rádio, TV, cinema e multimídia de 156 países, em um congresso e exposição de 150 mil m² no Centro de Convenções de Las Vegas.
Para Dennis Wharton, vice-presidente executivo da Associação Norte-Americana de Radiodifusão (NAB, na sigla em inglês), os resultados do evento foram muito positivos e esclarecedores, tanto na divulgação dos avanços tecnológicos, como no desenvolvimento e administração das diversas etapas da produção de programas audiovisuais e de distribuição de conteúdo em todas as mídias.
Novos paradigmas. O desafio da mudança tecnológica nunca foi tão debatido como neste NAB Show 2010. Numa das palestras mais concorridas, sobre o tema da Aceleração da Tecnologia no Século 21, o futurólogo americano Ray Kurzweil, disse que não se pode subestimar o impacto das novas tecnologias, como verdadeiras mudanças de paradigma, na vida diária das empresas de mídia.
"Sei que há muita preocupação quanto à mudança dos modelos de negócios no mundo do rádio e da TV abertos", disse Kurzweil, "mas eu gostaria de colocar esse tema no contexto da escalada, da aceleração e do crescimento exponencial das mudanças que ocorrem na tecnologia da informação."
Para Kurzweil, não adianta querer lutar contra a internet e esperar que ela vá embora: "Vejam o exemplo da indústria de música, que insiste em fazer a distribuição física de seus produtos e conteúdos e resiste ao modelo da distribuição digital. Essa indústria esperava que a internet fosse um fenômeno passageiro. Na realidade, não se conseguiu ainda estabelecer um modelo de negócio e um contrato social capaz de respeitar a propriedade intelectual, a menos que seja um modelo de negócio que o público respeite."
Fonte: Ethevaldo Siqueira - O Estado de S.Paulo
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